domingo, 5 de setembro de 2010

SÍDROME DA RESERVA DE MERCADO NO FUTEBOL

Considerando o mercado de trabalho do futebol, bem com o perfil dos profissionais engajados em se inserir nesta área, pode-se observar ainda alguns sinais de conflito entre pessoas de diferentes origens de formação.
Ao conversar com ex-atletas profissionais, bem como professores de EducaçãoFísica, pude notar nos "tipos" em algum momento de menosprezo ao outro. Ou seja, ainda alguns ex-atletas se acham mais capacitados pra atuar como treinador porquê jogou e/ou se acha com mais direito por ter estado no centro das atenções se escondendo atrás do que foi e da nostalgia romântica do torcedor. Em contra-partida alguns professores de Educação Física se julgam com uma formação melhor por passarem pelo banco da escola e conhecerem alguns artigos científicos que na verdade nada tem a ver com a prática do futebol e também se escondem atrás do diploma que apesar de conquistado com mérito não o qualifica como merecedor de um cargo no futebol.
Para chegarmos à alguma conclusão precisamos pensar em algumas questões que poderão clarear nossa discussão:
  • A experiência de atleta profissional garante a capacidade de alguém se tornar treinador?
  • A imagem adquirida ao longo dos anos de atleta garante sucesso na vida de treinador?
  • Os cursos de Educação Física preparam realmente os graduandos para o função de treinador?
  • A maioria das pesquisas científicas repetem as situações vividas no campo prático do futebol?
  • Existe padrão no histórico de formação dos treinadores que conhecemos de sucesso no mercado nacional?
  • Em qualquer das situações ex-atleta ou graduado em Edicação Fisica, o histórico de formação é mais importante do que o perfil do profissional?
Se assim como eu, você respondeu não a todas estas perguntas, podemos caminhar na direção que todos orgãos, escolas e clubes de futebol precisam seguir: o da qualificação!
Hoje (05/09/2010), no Jornal Estado de Minas, na Coluna do Tostão, li um crítica ao técnico do São Paulo, o professor Sérgio Baresi, pela utilização de termos técnicos científicos, o que Tostão se esquece é que Baresi também é ex-atleta e se preparou para exercer a função de técnico nas sua passagem pelas categorias de base de São Caetano, Santo André e São Paulo e com certeza utiliza de termos técnicos nas entrevistas e de tecnologia no trabalho de campo por estar atualizado e não precisar lembrar do passado para exercer sua função.
Hoje é fato que temos nas categorias de base, a melhor escola de formação de treinadores, é onde são, na prática, preparados os melhores treinadores e outros componentes de comissão técnica.
Mas quando falamos em qualificação, é preciso lembrar que a CBF em parceria com a PUC-MINAS lançou o curso de capacitação de treinadores de futebol em níveis de formação como ocorre na Europa e com algumas exigências que abrange ex-atletas e graduados em Educação Fisica. Uma iniciativa que realmente deu um norte a quem quer se tornar treinador de futebol, para quem futuramente vai contratar, mas ainda não uma garantia de qualificação que podemos dizer que precisa reunir um conjunto de fatores fundamentais:
  • Passagem pelas categorias de base;
  • Atualização constante;
  • Perfil pessoal e profissional de integridade e liderança;
  • Habilidade de Relacionamento;
  • Habilidade em leitura de jogo;
  • Capacidade interdisciplinar.
A qualificação profissional não é um coisa institucional e sim de maneira de cada um se preparar para exercer a função, bem como a capacidade individual, ou competência para realizar as funções que se exige de um técnico. Se eu precisar de um atacante chamo o Neymar, agora se precisar de um treinador vou procurar o Sérgio Baresi que se preparou pra exercer a função. O Neymar pode ter 20 anos de futebol que ainda sim não será suficiente para torná-lo um treinador. Assim como não foi pra Rivelino, Tostão ou Pelé. E nem  pra Pablo Ruan Grecco, Antônio Carlos Gomes ou Dietmar Samulsky (Professores Doutores de renomadas Universidades do país) que sem dúvida possuem grande conhecimento, mas isto não os torna em condições de comandar um equipe de futebol.
Acho que desta forma temos um ponto de partida para acabarmos com esta disputa inútil por reserva de mercado, hoje quem chegou no futebol o conseguiu porquê dentro do ambiente futebolístico fez o que foi preciso para merecer o cargo que ocupa, mas é preciso que a idéia da qualificação profissional aliada aos cursos de capacitação seja bem pensada pelos gestores e por aqueles que desejam se aventurar no mundo do futebol.
Enfim, esta "doença" tem cura.
Obrigado

2 comentários:

  1. Que texto simples, porém brilhante!
    Parabéns pelas palavras Wladimir!
    É preciso para com essa hipocrisia entre ex-atletas e graduados em educação física! QUe cada um se qualifique da melhor maneira e consiga colocar em prática o que melhor adquiriu ao longo da graduação em E.F. ou das experiências com seus ex-treinadores!
    Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Wladimir ! Sou graduado em educação física, não fui atleta profissional e trabalho com futebol na função PREPARADOR DE GOLEIROS, outra função cercada de desconfianças pelo fato de não ter sido atleta. Defendo que existe espaço para todos no mercado e que a qualificação e competência é que irá determinar a condição ou não de graduados e/ou ex-atletas exercer suas funções. Esta tema é seria um prato cheio para uma tese de mestrado e/ou doutorado. Parabéns !

    Rommel A. de Oliveira
    Preparador de goleiros
    Prof. de educação física
    CREF 11478 G/RJ

    ResponderExcluir