domingo, 8 de agosto de 2010

FATORES QUE INTERFEREM NO DESEMPENHO DE UMA EQUIPE DE FUTEBOL




Se fossemos buscar explicações sobre o que faz uma equipe jogar bem ou mal, seja com jogadores de mais ou menos talento, seria preciso observar vários aspectos.
Um elenco talentoso e com jogadores experientes pode fazer a diferença, mas não esqueçam:PODE
Muitas vezes observamos equipes com jogadores de nível mediano obter algum sucesso e o segredo, neste sentido, é organização e aplicação tática. Há quem diga que não existem maus jogadores e sim aqueles que não se encaixam num determinado modelo de jogo, ou, como diria José Mourinho: "Não preciso dos melhores jogadores e sim dos certos".Isto explica porquê o lateral André Santos, que não deu certo no Atlético-MG e Flamengo, se projetar no Figuerense, Corinthians e assim chegar na Seleção brasileira antes de ir pra Europa.
Assim elenco não pode ser um fator isolado ao analisar performance.
Estrutura de trabalho realmente não ganha jogo, mas como disse o Professor da Universidade Federal de Viçosa, Próspero Brum Paoli," não ganha mas ajuda a ganhar". Uma estrutura moderna permite um trabalho de campo mais eficiente no que se refere à preparação física e prevenção de lesões permitindo ao atleta atingir um nível ótimo de desempenho. Gramados de qualidade vão dar ao treinador a possibilidade de preparar seu time nas diversas situalções que um jogo pode exigir e assim poder organizar a equipe táticamente.Perceberam o verbo poder de novo.
Uma boa estrutura só ajuda se quem a utiliza sabe aproveitar os recursos e, ainda sim, não é garantia de sucesso pois isto não é privilégio de apenas um ou dois clubes.
Estar com as contas(salários) em dia apenas ajuda pois é só uma condição básica para o trabalho, é só fundamental mas não é diferencial. Não deixa de ser um fator influente.
Talvez o aspecto que tenha um peso um pouco maior do que os outros é a capacidade de preparar a equipe táticamente pois com todos os recursos se o técnico não conseguir dentro das características dos atletas organizar e treinar a equipe de maneira eficiente de nada adiantaria bons jogadres ou boa estrutura. Mas ainda sim não é justificável definir o trabalho apenas por aí pois existe ainda dois aspectos importantes.
A capacidade de liderança dá confiança aos atletas e a todo o staff de trabalho do departamento profissional, portanto é preciso agregá-la as exigências de um comandante.
E por fim, posso ter esquecido alguma coisa, temos o ambiente de trabalho(bom relacionamento entre as pessoas, sem conflitos desnecessários) que é crucial para a execução de um projeto de clube de futebol que almeja grnades conquistas, faz parte da "lista de ajuda" mas também não é garantia de vitórias.
Podemos concluir, então que o futebol é uma ciência multifatorial, em que o sucesso é obtido pela eficácia de todos estes componentes mencionados e o fracasso pela negligência de um ou mais destes.
Com isso sugiro ao analistas que sigam este roteiro para comentar o desempenho de alguma equipe e aos profissionais dos clubes que também busquem o melhor desempenho cercando estas vairáveis de maneira bem direta sem teorias inúteis para fugir da devida responsabilidade.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Periodização física x periodização tática

A sobrevida do preparador físico passa pelo esclarecimento dessas duas linhas de trabalho*
Wladimir Braga
"A verdade jamais é pura e raramente é simples." (Oscar Wilde)


Muito se fala, nos dias atuais, a respeito da periodização tática e na redução de espaço nas comissões técnicas para o preparador físico. Este mesmo autor que aqui vos escreve, em um dos artigos, destaca o fim dessa função. Na verdade, no fim da forma reduzida em que se encontra inserido esse profissional.
 
O que ocorre de fato é uma onda de admiradores da nova forma de pensar o futebol (periodização tática), em que os jovens profissionais, impulsionados pelo anseio de se tornarem sofisticados e atualizados, se jogam de cabeça numa metodologia de treinamento que vai muito mais além do que acontece no dia-a-dia de trabalho.
 
 
Na periodização tática, nada ou quase nada tem a ver com rendimento físico puro. Nesse conceito, tudo é dependente do modelo de jogo, organizado em princípios, sub-princípios e sub-princípios dos sub-princípios de jogo. Ainda podemos reforçar que o conceito de fadiga está totalmente agregado ao desenvolvimento de situações- problema envolvendo exigências cognitivas em que os aspectos psicológicos, físicos e táticos estão embutidos.
 
Enfim, podemos sugerir ou ainda definir que nessa linha de trabalho não há espaço para o preparador físico, decisivamente, salvo na sala de musculação, função esta que pode ser destinada, também, ao fisioterapeuta. Assim, no campo de trabalho, as questões motoras específicas da modalidade são destinadas ao treinador e auxiliares técnicos que, em perfeita sintonia, têm plena consciência do modelo de jogo (anteriormente mencionado) e trabalham apenas em função dele.
 
Pela periodização física, dentro dos vários modelos existentes (períodos, blocos, ciclos, etc.) e dos vários autores conhecidos (Verkoshansky, Matveev, Valdivielso, etc.), podemos definir como a forma de treinamento ou preparação em que os aspectos técnicos e táticos estão agregados ao treinamento físico.
 
Os componentes físicos são organizados em períodos para a obtenção de melhor desempenho em determinado momento da temporada, ou em blocos, buscando um nível de trabalho alto em grande parte do ano. 
 
 
Com isso, a figura do preparador físico é peça fundamental para a manutenção, aquisição de rendimento físico, recuperação física e principalmente no planejamento do trabalho. Mesmo no trabalho integrado com aspectos táticos e técnicos, a carga de trabalho respeita capacidades e intensidades físicas e seus objetivos.
 
Ainda sim, um treino tático de 11x11 (também conhecido como coletivo), mesmo considerando a carga cognitiva, esta última, ainda assim, caminha no mínimo ao lado com a carga física.
 
Considerando essas duas formas de se planejar, pensar e trabalhar o futebol, podemos compreender alguns pontos que são fundamentais ao se optar por uma delas:
 
ü       As duas formas são eficientes;
ü       O entendimento da linha de trabalho nas duas formas é fundamental;
ü       O preparador físico só existe realmente, de forma atuante, na periodização física;
ü       É importante entender a “cultura” esportiva das pessoas, países ou clube em que vai trabalhar, principalmente se for com categoria de base;
ü       O treinador em qualquer nível de treinamento é que irá definir se quer na sua comissão preparador físico ou auxiliar técnico (mesmo que o preparador físico o ajude também em questões técnicas e táticas);
ü       O objetivo do preparador físico e do auxiliar técnico é trabalhar em função do treinador, e não o contrário.
 
Continuando esse assunto, afirmo que o preparador físico continua “vivo”, não de forma descontextualizada, mas bem integrado às posições e pontos de vista do treinador, que é o chefe da comissão técnica que trabalha com os conteúdos técnicos e táticos agregados ao treino físico na planificação do desempenho.
 
Mas essa função acabou, com certeza, para os adeptos da periodização tática. Contudo, não acredito que uma das duas seja a melhor forma, mas sim que o melhor trabalho é aquele realizado em função das aspirações, pensamentos e metodologia utilizado pelo treinador.
 
A questão maior é que a periodização tática não é sustentada pelos trabalhos com jogos reduzidos ou mesmo treino físico com bola (como alguns acreditam, aliás, não há treino físico nessa forma), ela é justamente uma questão de entendimento de seus mecanismos e de uma compreensão profunda de como ocorrem as adaptações pelo treino sustentado no modelo de jogo.
 
Assim, não é aconselhável se aventurar por ela sem esse entendimento e, portanto, é melhor continuar com a outra linha em que a fragmentação pode facilitar o planejamento e o entendimento dos fatores.
 
Finalizo esse artigo aconselhando os jovens preparadores, treinadores e dirigentes a considerarem a última afirmação para que haja um entendimento único em seus respectivos clubes e comissões.
 
*ARTIGO PUBLICADO E EXTRAIDO NO SITE UNIVERSIDADE DO FUTEBOL