quarta-feira, 8 de agosto de 2012

PORQUÊ A PERIODIZAÇÃO TÁTICA AINDA NÃO SE CONSOLIDOU NO "PAÍS DO FUTEBOL"

Creio que, para abordarmos os caminhos da  Periodização Tática no Brasil, precisamos compreender como aprendemos a pensar, desde o início da fase escolar, passando pelos cursos de pós graduação até pelo ambiente do meio futebolístico.
Aprendemos desde cedo a análisar tudo para explicar cada fenômeno, bem como dissecar o ser humano em partes isolada para colocar os "pedacinhos" num mesmo saco e tentar produzir conhecimento. Paralelamente a isto, o futebol, com todo seu conservadorismo e prepotência pentacampeã, se nega a aceitar novos paradigmas e se mantém ao economicamente interessante ou politicamente seguro.
Na ânsia de parecerem modernos, muitos profissionais se defendem ao dizer que é possível trabalhar a Periodização Tática e a Tradicional juntas apenas por usarem bola nos treinos físicos ou pequenos jogos. É importante ressaltar que existem os dois caminhos para desenvolver performance de equipes de futebol. O que acontece na prática é:
Não dá pra andar pelas duas ao mesmo tempo, Quem mora em MG chega a SP pela Fernão Dias,  quem mora no RJ chega lá pela Dutra. Não é possível usar as duas estradas ao mesmo tempo. Por isso é importante entender o Cartesianismo e o teoria sistêmica e/ou Holísmo.



Descartes tinha visão analítica do universo, ou seja, o universo era composto de partes articuladas, como um relógio. Assim, o método cartesiano consiste em dividir o todo em partes e estudá-las separadamente.


A primeira regra é a evidencia: jamais aceitar uma coisa como verdadeira que eu não soubesse ser evidentemente como tal.


A segunda, a regra da análise: dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas partes quantas possíveis e quantas necessárias para melhor resolvê-las;

A terceira, a regra da síntese: conduzir por ordem meus pensamentos, a começar pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para galgar pouco a pouco, como que por graus, até o conhecimento dos mais complexos,.

E finalmente a quarta: fazer em toda parte enumerações tão complexas e revisões tão gerais que eu tivesse certeza de nada ter omitido”.

No dicionário de filosofia Abbagnano (1995) o Reducionismo é apresentado e definido como algo que foi reduzido, transformado, modificado, manipulado, em nome da ciência. Em modo geral na filosofia, o reducionismo é o nome dado a teorias correlatas que afirmam, grosso modo, que objetos, fenômenos, teorias e significados complexos pode ser sempre reduzidos, a fim de explicá-los, a suas partes constituintes mais simples. Outros termos também são utilizados para expressar a ideia de especialidade, como o mecanicismo e atomismo. Assim a ênfase nas partes tem sido chamada de mecanicista, reducionista ou atomística. O reducionismo nada mais é que a redução de algo, ou seja, a transformação, a modificação, a manipulação de algo, afim de buscar a verdade ou a falsidade.




Ou seja, pela preparação tradicional, baseada pelo fisicismo ou tecnicismo, o treino físico melhora as capacidades físicas exigidas num jogo de futebol, o treino técnico analítico melhora isoladamente os fundamentos técnicos e o treino tático aprimora o sistema de jogo, a tomada de decisão dos jogadores etc. Mesmo quando falam em físico-técnico ou físico-tático, em que sugerem estar treinando tudo ao mesmo tempo, os adeptos acabam "dissecando" os treinos em variáveis e justificando o jogo como meio de melhorar determinada capacidade.




A palavra sistema denota um conjunto de elementos interdependentes e interagentes ou um grupo de unidades combinadas que formam um todo organizado. Sistema é um conjunto de coisas ou combinações de coisas ou partes, formando um todo complexo ou unitário. (Chiavenato, 2000, p. 545)

O Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função (Oliveira, 2002, p. 35).

O holismo significa que o homem é um ser indivisível, que não pode ser entendido através de uma análise separada de suas diferentes partes.


Com a globalização (integração do mundo; povos e cultura) compartilhamos não somente as oportunidades que ela oferece mas também os problemas. E para sua compreensão exige a aplicação da teoria sistêmica. Na busca de uma sabedoria sistêmica, que bem podemos interpretar como sendo a busca de uma visão holística. A visão holística pode ser considerada a forma de perceber a realidade e a abordagem sistêmica, o primeiro nível de operacionalização desta visão.

O enfoque sistêmico exige dos indivíduos uma nova forma de pensar; de que o conjunto não é mera soma de todas as partes, mas as partes compõem o todo, e é o todo que determina o comportamento das partes. Uma nova visão de mundo, que lhes permitirá perceber com todos os sentidos a unicidade de si mesmo e de tudo que os cerca.





O jogo pela visão sistêmcia é o principal motivo do treinamento e não é passível de ser reduzido em parte isoladas descontextualizadas, mas sim sob um específico ponto de vista fractal, ou seja, partes do JOGO. Pela PT, saltar mais, correr mais e mais rápido ou mesmo simplesmente executar um passe longo de forma repetitiva no pé do companheiro no outro lado do campo não têm nada a ver com o que se pretende no jogo de futebol. Pela PT pretendemos o aprimoramento do modelo de jogo, pelo jogo, em sua totalidade, em seus momentos e pela específicidade das tarefas desempenhadas qua vão exigir naturalmente de cada variável sem necessariamente ter que se pensar nelas em separado. Pela PT não há jogadores bem ou mal fisicamente, mas sim adaptados ou não com o jogo ou forma de jogar.

Fica evidente a diferença,  fica evidente a necessidade de números, testes, variáveis e quantas informações forem necessárias pelo pensamento cartesiano predominante e pelo conservadorismo do nosso futebol.
São formas diferentes de pensar, não estou falando em certo ou errado, mas sim de concepção, percepção dos fenômenos, do jogo.
E neste momento, o que aparece como aspecto mais importante pra mim, é a maturidade para embates e discussões e compreender o ponto de vista divergente. Aliado a isto, a ética para se comportar no mercado de trabalho, pois desta forma o esporte só tem a crescer.
















sexta-feira, 20 de julho de 2012

Verdade conhecida que só as categorias de base do Clube Atlético Mineiro fazem.

No futebol, os exemplos bem sucedidos de projetos envolvendo grandes clubes como Manchester United e Barcelona, são normalmente esquecidos por nossos gestores, principalmente no que se refere ao futebol profissional. Só que nas categorias de base a história se repete e o resultado final: Má qualidade na formação de atletas, que até pouco tempo foram consideradas ultrapassadas por experientes treinadores num programa de televisão de altíssima audiência na televisão. É neste sentido, que Clube Atlético-MG se destaca, sendo portanto, a grande prova que a estabilidade de profissionais tem fundamental importância no processo de formação de talentos e é um dos grandes motivos do sucesso atleticano na realização deste trabalho diferenciado. Treinadores da base, que têm acima de tudo que preparar os jovens jogadores para atingirem seus melhores índices de desempenho esportivo no futebol profissional, estão nos seus cargos no mínimo em torno de 4 anos. Esta estabilidade permite não só, a execução de projetos, mas também sua otimização. Este aprimoramento constante de métodos e relações de trabalho permite aos profissionais desenvolverem trabalho de excelência em suas categorias facilitando o fluxo de jogadores durante esta fase especial bem como construindo uma verdadeira gestão técnica para a base atleticana. Finalizo este curto post enfatizando que confiar no processo é mais importante do que apenas nos resultados pois, Felipe Soutto, Serginho, Bernard, Renan Ribeiro, Leleu, Paulo Henrique e outros que já deixaram o clube e fazem sucesso onde estão hoje, são os resultados mais importantes que um departamento de futebol de base pode obter e que um clube pode esperar de seu trabalho. Obrigado

quarta-feira, 18 de julho de 2012

PENSAMENTO REDUCIONISTA PREJUDICA EVOLUÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO

No dicionário de filosofia Abbagnano (1995) o Reducionismo é apresentado e definido como algo que foi reduzido, transformado, modificado, manipulado, em nome da ciência. Em modo geral na filosofia, o reducionismo é o nome dado a teorias correlatas que afirmam, grosso modo, que objetos, fenômenos, teorias e significados complexos pode ser sempre reduzidos, a fim de explicá-los, a suas partes constituintes mais simples. Outros termos também são utilizados para expressar a idéia de especialidade, como o mecanicismo e atomismo. Assim a ênfase nas partes tem sido chamada de mecanicista, reducionista ou atomística. O reducionismo nada mais é que a redução de algo, ou seja, a transformação, a modificação, a manipulação de algo, afim de buscar a verdade ou a falsidade. Holismo (do grego holos que significa inteiro ou todo) é a idéia de que as propriedades de um sistema, quer se trate de seres humanos ou outros organismos, não podem ser explicadas apenas pela soma de seus componentes. baseada na teoria de que os organismos vivos e o meio ambiente funcionam juntos como um todo integrado. O pensamento sistêmico contrapõe o cartesianismo é uma forma de abordagem da realidade que surgiu no século XX, em contraposição ao pensamento reducionista, ou cartesiano, que visava a fragmentação. É visto como componente do paradigma emergente, que tem como representantes cientistas, pesquisadores, filósofos e intelectuais de vários campos. Por definição, o pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade (BEHRENS, 2005, p.53) Quando fragmentamos o futebol em tático, físico, técnico, psicológico, etc. estamos desta forma limitando o estudo da modalidade a medida que fugimos do mais importante, o jogo. Considerando o jogo como situação-problema (11X11), em que as ações são orientadas ou não á aplicação dos princípios de jogo subordinados ao modelo de jogo, de maneira alguma pode ser fragmentado ou REDUZIDO á aspectos isolados com o intuito de explicar desempenho. De acordo com o técnico José Mourinho: "A forma não é física. A forma é muito mais que isso. O físico é o menos importante na globalidade da forma desportiva." O que é preciso ser entendido, é que não se trata de excluir profissionais ou pesquisas do futebol, mas sim evoluir a execução das funções bem como a relação entre as pessoas envolvidas para um nível mais exato, não de análise, e sim uma síntese dos conceitos de jogo para formação do modelo de jogo praticado. Neste sentido, o treino isolado das capacidades físicas em nada interfere no jogo e na execução de cada ação tática. Com isso, a única fragmentação que nos interessa é a dos momentos do jogo, desde que contextualizados com o modelo de jogo pretendido. Ainda com relação á Mourinho, o mesmo expõe que : "Quando vejo referências as pré-temporadas de nossas equipes e me mostram imagens dos atletas correndo, trabalhando em espaços que não são o campo de futebol, desde a praia ao campo de golfe, me coloco a pensar que estes são métodos superados, para não dizer arcaicos." Ou seja, é ilusório considerar picos de rendimento se a temporada futebolística dura de 10-11 meses, o jogo mais importante sempre é o próximo, portanto a intensidade máxima(que também não é explicada em valores numéricos quaisquer) deve ser praticada em toda temporada sendo a variação permitida apenas no volume e em seu fracionamento. A adaptação assim só ocorre com o treinamento dos princípios, sub-princípios e sub-princípios dos sub-princípios no contexto exato do jogo(intensidade). A intensidade, definimos assim, deve ser concebida em intima associação coma modelo de jogo, como bem preconiza Romano(2007), que ainda cita Carvalhal(2002) descrevendo que: "a intensidade emerge da necessidade de criar dinâmicas do nosso jogo" Pensar em valores percentuais porquê, se no jogo o que conta é o coletivo, é a melhor ação escolhida na MELHOR intensidade possível. Quando me refiro a futebol como esporte tático não estou, portanto excluindo o físico, o técnico e o psicológico pois estão implícitos no jogo onde a tomada de decisão e seu aprimoramento é prerrogativa constante ás outras adaptações. Reintero que correr mais e mais rápido, saltar mais alto ou levantar mais pesos nada tem a ver com performance no futebol. Penso, desta forma que, antes de pensarmos em produzir "craques" ou seleções destes "craques" e preciso rever qual estratégia de pensamentos estamos utilizando.. para avaliar, preparar e revelar atletas. O futebol espanhol, bem como o português e alemão não surgiram por "combustão espontânea", seus projetos possuem calhamaço. Suas pesquisas possuem um "norte" com desenvolvimento mais importantes do que descobrir a quantidade de corridas em alta intensidade ou saltos executados num jogo. E o que precisamos neste momento é um estudo mais minucioso sobre o que está acontecendo no futebol brasileiro, em que mudanças tímidas(em quantidade) mas perceptíveis(em qualidade) estão acontecendo na formação dos treinadores, mas só será significativa quando ocorrerem na concepção destes treinadores e outros profissionais do futebol.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O novo organograma da Comissão Técnica do Futebol

Buscando tornar mais eficiente e especifica o Staff de trabalho do departamento de futebol, seja profissional ou categorias de base, os clubes terão que passar por uma reflexão profunda a respeito das funções e da representatividade de cada um dentro do processo de formação e preparação das equipes para o alto desempenho esportivo. O treinador, enquanto chefe da comissão técnica, precisa ter ao seu lado auxiliares que alimentarão seu trabalho com as informações que serão parâmetros para cada tomada de decisão em relação á cada atleta e para sua equipe. Neste sentido, a partir do momento que for descoberto e estabelecido que a forma não é física e sim desportiva, qual será a função do preparador físico neste processo? Se refletirmos de maneira minuciosa, um jogador que atinge a marca 2350 metros no Yoyô test e outro que obtém apenas 1950 metros no mesmo teste, o que isso nos diz em relação ao desempenho no jogo? É preciso se perguntar se os testes físicos escalam, aprovam ou dispensam jogador. Se a respostas que encontrarem forem as mesmas que a minha, ou seja, não para as 3 questões, então podemos começar a rever o que representa o preparador físico para o futebol. Se pensarmos a respeito do desempenho para o futebol, o conhecimento tático do auxiliar técnico é de mais valia (este esporte é tático)e daremos por encerrada a primeira questão.  Com relação ao trabalho de prevenção de lesões, seja no trabalho de força realizado na sala de musculação, seja nos treinos de estabilização articular, a figura do fisioterapeuta passa a ter melhor adequação a esta função. Segundo aspecto também fechado.  Ainda relacionar o treino de transição do Departamento Médico para as atividades normais com o grupo principal. Sim, neste caso podemos afirmar que o profissional da preparação física tem sua importância no sentido de tornar o atleta apto para realizar as tarefas intensas exigidas no treino normal, ainda sim, nada que os fisioterapeutas não possam fazer. Essa ùltima me gerou certa dúvida. De qualquer forma, se quisermos realmente mudar,de maneira significativa, a metodologia, a concepção de desempenho e o processo de formação, é preciso abolir o reducionismo de nossa prática e desenvolver projetos com uma visão mais sistêmica e especifica ao nosso esporte.  Acredito que hoje, o nome preparador físico é só "fachada", muitos colegas já trabalham com um caráter mais contextualizado. Fica aí, a questão do espaço que deveria ser destinado ao departamento de fisioterapia. O tempo dirá! E fiquemos com essas afirmativas para reflexão: 1-Futebol é um esporte tático, não físico; 2-Futebol é um esporte tático, não técnico. 3-A técnica faz parte das ações de cada jogador, mas é precedida de tomada de decisão, ou seja, futebol ainda sim é claramente um esporte tático. 4-Entender o jogo é mais importante do que quantidade de sprints ou distância percorrida.Continuamos á reforçar a característica da modalidade. Assim, podemos nos atentar para a função do preparador físico e sua importância referente ao desempenho futebolístico, bem como á entrada do fisioterapeuta neste processo. Finalizo, com uma frase para as pessoas preocupadas com sua reserva de mercado: "O mundo detesta mudanças, contudo isto é coisa que traz progresso". Charles Kettering

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A VERDADE SOBRE A BASE DO GALO


Não sou de externar publicamente minhas opiniões sobre comentários de jornalistas esportivos, até porque respeito muitos todos os profissionais envolvidos no futebol, mas com o que li hoje na coluna do jornalista Chico Maia no jornal Super não poderia ficar calado. É lamentável como o referido jornalista, por o qual até o momento eu dispensava respeito e admiração pelo seu trabalho, abordou a questão da revelação do Bernard e do trabalho nas categorias de base do Atlético de forma geral. Vamos a alguns esclarecimentos: o Bernard era titular da base desde a equipe Juvenil, pela qual foi artilheiro da equipe no campeonato mineiro da categoria com 12 gols e atuações belíssimas. Quando subiu para o Júnior estava apenas com 17 anos e havia jogadores mais “velhos” de 19 e 20 anos jogando na sua posição. Justamente por entender que ele era um potencial que não poderia ficar “esperando” a sua hora de jogar e atendendo um pedido do presidente Alexandre Kalil de reforçar o Democrata-SL para tentar o acesso que o jogador foi “emprestado” para o clube de Sete Lagoas. Em relação à estatura dos jogadores da base, o jornalista está completamente equivocado. A prioridade nas categorias de base do Atlético é o talento, sejam esses atletas baixos, médios ou altos. Aliás, a média de estatura da categoria Juvenil (com a qual trabalho) é de 1,74m. Falar nisso, foi relatado que estamos priorizando “jogadores de fora” nas nossas equipes. Pois bem, eu gostaria de escalar para os leitores a equipe Juvenil do Atlético que é a atual campeã estadual e Tetracampeã do Future Champions FIFA : Rodolfo (Sete Lagoas/MG); Igor (Contagem/MG), Andrey (Prudente de Moraes/MG), Gabriel (Matozinhos) e Dêner (Três Pontas/MG); Yago (Belo Horizonte/MG), Marcelo (Sete Lagoas/MG), Rodrigo (Mucuri/MG) e Ânderson (Paracatu/MG); Carlos (Santos/SP) e Zé Alberto (Dourados/MS). Como podem verificar são apenas dois jogadores “de fora”, sendo a maioria de BH ou grande BH e isso é uma constante em todas as categorias. Apesar disso, gostaria de esclarecer que não olhamos “local de nascimento” para escolhermos jogadores para nosso clube, primeiro porque a grandeza e o escudo do Atlético nos permitem uma captação a nível nacional. Segundo porque entendemos que ídolos como Dadá Maravilha, Lola, Marques, Guilherme, Taffarel, Tardeli, Valdir, Diego Alves e agora Ronaldinho Gaúcho (só para citar alguns...) não podem ser “desperdiçados” só por não serem mineiros. Quanto ao comentário de que os nossos “olheiros” são “vesgos e caolhos” e ganham “fortunas” para captar jogadores, gostaria de esclarecer que os observadores técnicos da nossa base são todos ex-jogadores do clube (comandados pelo ex-volante Mauro e o ex-meia Éverton), tem uma média salarial similar aos outros clubes nacionais e nehuma gratificação por jogador encontrado ou vendido (apesar de merecerem, pois fazem um trabalho de grande qualidade). Já em relação à opinião do jornalista de que é um “absurdo importar dirigentes e técnicos para a base” é uma pena que se relacione de novo competência com “local de nascimento”. Até porque o jornalista deve ter inúmeros colegas de trabalho que são excelentes profissionais da imprensa mineira que não nasceram em Minas Gerais, mas que trabalham com muito orgulho nesse estado. Gostaria de dizer que moro há 10 anos em Belo Horizonte, casei com uma mineira de João Monlevade, meu título eleitoral e carteira de motorista são daqui e “adotei” essa maravilhosa cidade para morar. Vim pra cá para estudar na fantástica e renomada Universidade Federal de Minas Gerais porque é a única do Brasil que oferece mestrado em Treinamento Esportivo e sendo uma instituição FEDERAL está aberta a todos os brasileiros que queriam desenvolver conhecimentos. É preciso respeitar mais os profissionais que militam nas categorias de base dos clubes mineiros, todos com excelente formação e caráter, e que trabalham com muito profissionalismo e seriedade porque sabem que há uma torcida por trás que espera tudo de nós. Torcida atleticana, a verdade sobre a base do Galo é essa: somos o clube no Brasil com o maior número de jogadores formados em casa no elenco profissional e gerações muito promissoras por vir, temos jogadores convocados para a seleção brasileira em todas as categorias e nos torneios nacionais e internacionais estamos sempre chegando, para conferir basta fazer uma visita a nossa vasta galeria de troféus. Não vou aqui enumerar títulos porque isso até não é o mais importante no processo, mas fomos até agraciados com o troféu Globo Minas 2012 pela conquista do Tetracampeonato do Future Champions FIFA. Eu realmente não sei o que está por trás de algumas opiniões, mas dessa vez não pude ficar calado. Principalmente porque fui um dos treinadores que apostou no talento do Bernard nas categorias de base e o colocou para jogar. Ter que ler que o Bernard só está no profissional porque o jornalista Chico Maia “mandou o presidente olhar” ele jogando no Democrata é um atentado a inteligência do torcedor e um desrespeito a quem realmente “amassa o barro”. Para finalizar dou uma sugestão: convidem alguém da base para falar em algum programa esportivo sobre todo esse processo, ou até melhor, perguntem ao Bernard.
Diogo Giacomini
(Técnico do Juvenil do Clube Atlético Mineiro)
                                                                     



sábado, 9 de junho de 2012

A PERIODIZAÇÃO TÁTICA E CONTRIBUIÇÃO DO PROFESSOR BRUNO PIVETTI AOS PROFISSIONAIS DO FUTEBOL BRASILEIRO

A recente obra, lançamento da Phorte editora e de autoria do professor Bruno Marques Fernandes Pivetti "PERIODIZAÇÃO TÁTICA, o futebol-arte alicerçado em critérios", possui valor incomensurável aos profissionais que pretendem investigar o desempenho de uma perspectiva complexa mas real e fiel ao grande sistema chamado Futebol. Precisamos, neste país, pensar a respeito de quais as variáveis são realmente relevantes na determinação do desempenho de cada atleta e de sua equipe. Preparadores físicos precisam se questionar se os testes físicos escalam, aprovam ou reprovam atletas de futebol, se correr muito é correr certo e se o tal GPS mensura função tática, cognição e padrão de jogo face á complexidade de um esporte coletivo da magnitude espacial e de jogadores nele inseridos. Pivetti (2012) defende que "pode-se afirmar que o futebol segue a lei inexorável da economia, ou seja, o deslocamento realizado não deve nunca ter a pretensão de ser máximo ou mínimo, e sim justo. Ao se deslocar aquém do necessário ou o máximo possível não garante que os pressupostos táticos de rendimento estejam sendo cumpridos". Assim podemos considerar que, um alto nível de condicionamento aeróbio ou de aceleração em espaços reduzidos, não garantem rendimento ao atleta, o que não quer dizer (e isto é preciso destacar) que são aspectos irrelevantes ou com vantagem nula, mas que existem aspectos que são hierarquicamente de influencia mais acentuada e que ao "produto final" geram maior peso. É importante nos atentarmos ao ponto que existe toda uma cultura futebolística no futebol brasileiro que não pode ser perdida, mas sim organizada. Ainda, precisamos lembrar que passamos longos anos de nosso futebol tentando criar "receitas de bolo" com um reducionismo agressivo á formação incidental de nossos jogadores que sem dúvida têm qualidades especiais de improviso e de dribles não vistos em outras partes do mundo. Por esta linha de pensamento, acredito na importância desta obra aos jovens profissionais do futebol, pois a construção de um novo paradigma será fundamental para reinventarmos e recriarmos o "velho futebol brasileiro". Não se trata de extinguir metodologias, pois se trataria de mais uma "ditadura tecnicista". Nos referimos aqui á ruptura com a rígida e limitada maneira reducionista de pensar. PARABÉNS PROFESSOR BRUNO PIVETTI! Obrigado

quarta-feira, 11 de abril de 2012

FORMAÇÃO DE GOLEIROS NO ATLÉTICO-MG E OS PROFISSIONAIS ORIUNDOS DA BASE.

Há dez anos trabalhando na base atleticana, acompanhei o desenvolvimento e projeção de várias carreiras. Entre treinadores, preparadores físicos e treinadores de goleiros, todos buscaram ao longo dos anos se preparar onde podemos considerar a melhor "escola" de profissionais dos futebol: As categorias de base.
Neste sentido, o goleiro sendo peça fundamental, sempre teve tratamento especial e destacado no Galo, e perante as melhores estrutura do Brasil, tem sem dúvida um dos melhores trabalhos de formação. E o conhecimento do processo sempre foi uma prerrogativa de nosso profissionais, em especial me refiro ao competente Willian José de Castro.
Willian construiu toda sua carreira na base e enfrentou todas as dificuldades da formação de jovens promessas, disputou competições nacionais e internacionais além de por várias ocasiões ter servido aos profissionais antes de se firmar com treinador de goleiros principal.
Ao contrário de muitos profissionais que contaram com a sorte e com o nome(deles ou de amigos)sempre buscou o aprimoramento profissional nos tempos de base e sem dúvida conquistou seu espaço por merecimento.
Nenhuma crítica após o clássico foi consistente, apenas emocional. Apenas porquê acharam mais fácil analisar assim. Principalmente os que equivocadamente acreditam que Renan foi o responsável pelo empate.
Felizmente como em outros casos de jovens promessas em Minas Gerais, o tempo vai nos dizer a verdade e tenho certeza que Renan Ribeiro e Willian Castro darão a volta por cima e provarão que no futebol "SANTO DE CASA É QUE FAZ MILAGRE".
Obrigado

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

AS CRÍTICAS DE MURICY RAMALHO E OUTROS TREINADORES ÀS CATEGORIAS DE BASE TEM MOTIVOS NÃO LEVANTADOS

    Quando se ouve treinadores de futebol profissional falarem sobre a importância das categorias de base, muitas vezes pra reclamar de um possível trabalho deficiente em algum aspecto, fica apenas no ar que alguma coisa pode estar errado com o trabalho de formação dos clubes e uma análise mais lúcida e esclarecedora se torna necessária para evidenciar realmente os fatos a quem realmente se interessa e acha importante esta questão.

      A avidez por novos talentos no país que tradicionalmente já produziu grandes jogadores faz com que imprensa, clubes, federações e a até torcedores pressionem pela aceleração do processo de formação querendo transformar exceção em regra. Se disseminou neste país a concepção extremamente equivocada de que jogadores com 18 anos têm obrigatoriamente que estar prontos e em condições de vestir a camisa das equipes principais de seus clubes praticamente "matando" a categoria sub-20 e amputando uma fase de suma importância no processo de formação de atletas. Isso, considerando que para muitos jogadores esta maturidade competitiva chega por volta dos 23 anos de idade, reforçando a falta de competições sub-23 que deveriam fazer parte do calendário nacional e estaduais do futebol, obrigando os clubes a criarem mais uma categoria dentro de seu projeto de formação. Pra quem gosta de exemplos práticos, é bom observar alguns jogadores que se "desligaram" cedo de suas equipes de origem e hoje são imprescindíveis em seus clubes atuais. (Não citarei pra gerar maus entendidos por quem não sabe ler ou entender um crítica)
      Ainda, analisando a respeito das categorias de base, penso que existe diferença entre categorias de base e trabalho de base. Todo clube tem categoria de base. São as divisões por faixa etária, sub-13,sub-14,sub-15, etc. Mas trabalho de base, envolvendo projeto de formação, com aplicação dos conteúdos técnicos, táticos e físicos, mais análise de perfil psicológico e familiar e acompanhamento escolar constante, padrão de trabalho com metas e objetivos definidos com um entendimento da gestão de processos aplicada ao futebol, ufa! E olha que não falei tudo...POUCOS CLUBES DEVEM TER ISTO BRASIL!!!

        É importante não esquecer também dos jovens treinadores que treinam os garotos como se fossem profissionais, preocupados(equivocadamente) com resultados e com seu emprego. Se enganam e muito, quando se respeita a aplicação de conteúdos de treinamento e conceito de jogo nas fases de formação a tendência de conquistas é maior, não compreendem que cada idade responde melhor a um tipo de treinamento específico e ainda reclamam que falta jogador no mercado quando o que falta e a vontade de trabalhar individualmente as deficiências dos jovens jogadores.
     Continuando, e lembrando que tem clube sendo criticado só porque foi vice-campeão 3 vezes na categoria sub-20 (quisera eu esses 3 vices, tem time faz anos se contenta com 10º lugar nestas competições), clube com um excelente trabalho, por sinal. Enfim, esta cultura dos resultados não obtidos pelo profissioanl sendo transferidos pra base é que "mata". Os garotos são aprovados, mas com a "corda no pescoço"! Pra quem tem dificuldade de entender(e sempre tem alguém), explico: As vitórias também são importantes na base, mas o caminho pra se chegar a elas é muito mais importante.
        E mais uma questão pra encerrarmos esta discussão com "chave de ouro": Normalmente quem tem discurso negativo referente às categorias de base, não passou pela sua escola, não treinou garotos do sub-13 ou sub-17, e/ou não tem formação adequada pra isto. (não estou citando nomes, mas se servir pra alguém, minha posição está definida).
        Enfim, existe motivos diversos sob responsabilidade de clubes, treinadores, federações e a todos envolvidos neste cenário preocupante do futebol brasileiro.
          Obrigado