quarta-feira, 18 de julho de 2012

PENSAMENTO REDUCIONISTA PREJUDICA EVOLUÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO

No dicionário de filosofia Abbagnano (1995) o Reducionismo é apresentado e definido como algo que foi reduzido, transformado, modificado, manipulado, em nome da ciência. Em modo geral na filosofia, o reducionismo é o nome dado a teorias correlatas que afirmam, grosso modo, que objetos, fenômenos, teorias e significados complexos pode ser sempre reduzidos, a fim de explicá-los, a suas partes constituintes mais simples. Outros termos também são utilizados para expressar a idéia de especialidade, como o mecanicismo e atomismo. Assim a ênfase nas partes tem sido chamada de mecanicista, reducionista ou atomística. O reducionismo nada mais é que a redução de algo, ou seja, a transformação, a modificação, a manipulação de algo, afim de buscar a verdade ou a falsidade. Holismo (do grego holos que significa inteiro ou todo) é a idéia de que as propriedades de um sistema, quer se trate de seres humanos ou outros organismos, não podem ser explicadas apenas pela soma de seus componentes. baseada na teoria de que os organismos vivos e o meio ambiente funcionam juntos como um todo integrado. O pensamento sistêmico contrapõe o cartesianismo é uma forma de abordagem da realidade que surgiu no século XX, em contraposição ao pensamento reducionista, ou cartesiano, que visava a fragmentação. É visto como componente do paradigma emergente, que tem como representantes cientistas, pesquisadores, filósofos e intelectuais de vários campos. Por definição, o pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade (BEHRENS, 2005, p.53) Quando fragmentamos o futebol em tático, físico, técnico, psicológico, etc. estamos desta forma limitando o estudo da modalidade a medida que fugimos do mais importante, o jogo. Considerando o jogo como situação-problema (11X11), em que as ações são orientadas ou não á aplicação dos princípios de jogo subordinados ao modelo de jogo, de maneira alguma pode ser fragmentado ou REDUZIDO á aspectos isolados com o intuito de explicar desempenho. De acordo com o técnico José Mourinho: "A forma não é física. A forma é muito mais que isso. O físico é o menos importante na globalidade da forma desportiva." O que é preciso ser entendido, é que não se trata de excluir profissionais ou pesquisas do futebol, mas sim evoluir a execução das funções bem como a relação entre as pessoas envolvidas para um nível mais exato, não de análise, e sim uma síntese dos conceitos de jogo para formação do modelo de jogo praticado. Neste sentido, o treino isolado das capacidades físicas em nada interfere no jogo e na execução de cada ação tática. Com isso, a única fragmentação que nos interessa é a dos momentos do jogo, desde que contextualizados com o modelo de jogo pretendido. Ainda com relação á Mourinho, o mesmo expõe que : "Quando vejo referências as pré-temporadas de nossas equipes e me mostram imagens dos atletas correndo, trabalhando em espaços que não são o campo de futebol, desde a praia ao campo de golfe, me coloco a pensar que estes são métodos superados, para não dizer arcaicos." Ou seja, é ilusório considerar picos de rendimento se a temporada futebolística dura de 10-11 meses, o jogo mais importante sempre é o próximo, portanto a intensidade máxima(que também não é explicada em valores numéricos quaisquer) deve ser praticada em toda temporada sendo a variação permitida apenas no volume e em seu fracionamento. A adaptação assim só ocorre com o treinamento dos princípios, sub-princípios e sub-princípios dos sub-princípios no contexto exato do jogo(intensidade). A intensidade, definimos assim, deve ser concebida em intima associação coma modelo de jogo, como bem preconiza Romano(2007), que ainda cita Carvalhal(2002) descrevendo que: "a intensidade emerge da necessidade de criar dinâmicas do nosso jogo" Pensar em valores percentuais porquê, se no jogo o que conta é o coletivo, é a melhor ação escolhida na MELHOR intensidade possível. Quando me refiro a futebol como esporte tático não estou, portanto excluindo o físico, o técnico e o psicológico pois estão implícitos no jogo onde a tomada de decisão e seu aprimoramento é prerrogativa constante ás outras adaptações. Reintero que correr mais e mais rápido, saltar mais alto ou levantar mais pesos nada tem a ver com performance no futebol. Penso, desta forma que, antes de pensarmos em produzir "craques" ou seleções destes "craques" e preciso rever qual estratégia de pensamentos estamos utilizando.. para avaliar, preparar e revelar atletas. O futebol espanhol, bem como o português e alemão não surgiram por "combustão espontânea", seus projetos possuem calhamaço. Suas pesquisas possuem um "norte" com desenvolvimento mais importantes do que descobrir a quantidade de corridas em alta intensidade ou saltos executados num jogo. E o que precisamos neste momento é um estudo mais minucioso sobre o que está acontecendo no futebol brasileiro, em que mudanças tímidas(em quantidade) mas perceptíveis(em qualidade) estão acontecendo na formação dos treinadores, mas só será significativa quando ocorrerem na concepção destes treinadores e outros profissionais do futebol.

2 comentários:

  1. Prof. Wladimir De Oliveira Braga, mais uma vez quero parabeniza-lo pelo excelente texto, é evidente que todos nós que defendemos um novo tipo de trabalho no futebol quer seja na formação quer seja no profissional (Alto rendimento), teremos que li dar com uma enorme resistência por parte daqueles que se acomodaram em seu status quo, e agora se sentem incomodados em ter que abrir mão de conceitos ultrapassados, é evidente que muitas pessoas ligadas ao futebol ou não irão tentar desqualificar essa proposta e as vezes de forma grotesca e pejorativa, mas não devemos desanimar, não é pra esse tipo de gente que desenvolvo meu trabalho, mas para meus alunos e para as pessoas que acreditam que é possível, ficarei firme nesse propósito e outros menos esclarecidos que se dê por feliz por papel aceitar tudo o que nele se escreve.forte abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelas palavras, André. Estou cada dia mais motivado e encorajado a lançar mão de minhas ou melhor nossas convicções. Nada me tira deste caminho e tenho certeza que vamos juntos mudar este cenário conservador.

      Excluir