sexta-feira, 6 de julho de 2012

O novo organograma da Comissão Técnica do Futebol

Buscando tornar mais eficiente e especifica o Staff de trabalho do departamento de futebol, seja profissional ou categorias de base, os clubes terão que passar por uma reflexão profunda a respeito das funções e da representatividade de cada um dentro do processo de formação e preparação das equipes para o alto desempenho esportivo. O treinador, enquanto chefe da comissão técnica, precisa ter ao seu lado auxiliares que alimentarão seu trabalho com as informações que serão parâmetros para cada tomada de decisão em relação á cada atleta e para sua equipe. Neste sentido, a partir do momento que for descoberto e estabelecido que a forma não é física e sim desportiva, qual será a função do preparador físico neste processo? Se refletirmos de maneira minuciosa, um jogador que atinge a marca 2350 metros no Yoyô test e outro que obtém apenas 1950 metros no mesmo teste, o que isso nos diz em relação ao desempenho no jogo? É preciso se perguntar se os testes físicos escalam, aprovam ou dispensam jogador. Se a respostas que encontrarem forem as mesmas que a minha, ou seja, não para as 3 questões, então podemos começar a rever o que representa o preparador físico para o futebol. Se pensarmos a respeito do desempenho para o futebol, o conhecimento tático do auxiliar técnico é de mais valia (este esporte é tático)e daremos por encerrada a primeira questão.  Com relação ao trabalho de prevenção de lesões, seja no trabalho de força realizado na sala de musculação, seja nos treinos de estabilização articular, a figura do fisioterapeuta passa a ter melhor adequação a esta função. Segundo aspecto também fechado.  Ainda relacionar o treino de transição do Departamento Médico para as atividades normais com o grupo principal. Sim, neste caso podemos afirmar que o profissional da preparação física tem sua importância no sentido de tornar o atleta apto para realizar as tarefas intensas exigidas no treino normal, ainda sim, nada que os fisioterapeutas não possam fazer. Essa ùltima me gerou certa dúvida. De qualquer forma, se quisermos realmente mudar,de maneira significativa, a metodologia, a concepção de desempenho e o processo de formação, é preciso abolir o reducionismo de nossa prática e desenvolver projetos com uma visão mais sistêmica e especifica ao nosso esporte.  Acredito que hoje, o nome preparador físico é só "fachada", muitos colegas já trabalham com um caráter mais contextualizado. Fica aí, a questão do espaço que deveria ser destinado ao departamento de fisioterapia. O tempo dirá! E fiquemos com essas afirmativas para reflexão: 1-Futebol é um esporte tático, não físico; 2-Futebol é um esporte tático, não técnico. 3-A técnica faz parte das ações de cada jogador, mas é precedida de tomada de decisão, ou seja, futebol ainda sim é claramente um esporte tático. 4-Entender o jogo é mais importante do que quantidade de sprints ou distância percorrida.Continuamos á reforçar a característica da modalidade. Assim, podemos nos atentar para a função do preparador físico e sua importância referente ao desempenho futebolístico, bem como á entrada do fisioterapeuta neste processo. Finalizo, com uma frase para as pessoas preocupadas com sua reserva de mercado: "O mundo detesta mudanças, contudo isto é coisa que traz progresso". Charles Kettering

10 comentários:

  1. Discordo em algumas partes da sua colocacao. Realmente os teste físicos (voce citou o yoyo test) nao escalam, nem aprovam ou dispensam jogadores. Mas eles sao parametros para o preparador fisico analisar as capacidades físicas dos atletas e a partir dai escolher sua metedologia e como lidar com os atletas, (como por exemplo separar atletas com deficiencias pontuais)e assim ter um grupo mais "homegeneo" para trabalhar. Nao se pode tentar separar técnica, tatica e fisico. É obvio que uma sobressai em cima da outra, porem todas sao de grande valia para o desempenho do atleta. Tambem nao acredito que o profissional da fisioterapia seja melhor que um profissional da Educacao Fisica para realizar os trabalhos de força, academia e transicao da lesao as atividades do atleta. Para mim isso é um trabalho interdisplinar que todos tem sua importancia dentro do processo, nao que um saiba mais que o outro, sao os 2 trabalhando em conjunto por um objetivo em comum.
    Gostaria de saber o que voce quis dizer a respeito de que "muitos colegas já trabalham com um caráter mais contextualizado".
    No final do seu texto essas questoes levantadas sao realmente de se pensar.
    Mas na minha opiniao o preparador fisico e de GRANDE importancia em todo o processo de formacao do atleta e jamais sera substituido pelo fisioterapeuta. As capacidades fisicas (forca, resistencia, flexibilidade e velocidade) e as capacidades coordenativas sao extremamente importante ao futebol, mas sem tirar o valor da tatica e da tecnica.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Luís Henrique, como preparador físico, entendo sua negação aos novos conceitos, mas perceba com calma a natureza inquebrantável do jogo. Tente não fragmentar um esporte não fragmentável. Futebol não é divisível em capacidades, aspectos ou fontes energéticas. Pode ser complicado pra você no início, mas perceberás que todo esporte coletivo é físico, não há nada não físico. Mas é o físico das ações motoras precedidas de tomada de decisão e que não podem ser reproduzidas pelo treino físico puro. Não serão meros joguinhos utilizados que condicionarão os atletas ao modelo de jogo apenas por acharmos que predominam esta ou aquela capacidade. Veja bem, o corredor corre, o nadador nada, o persista levanta peso e o jogador de futebol joga FUTEBOL!
      O entendimento do modelo de jogo, dos conceitos de jogo e a utilização do treinos dos princípios e sub-princípios sim irão sim preparar os atletas e a equipe para jogar e vencer.

      Excluir
    2. Wladimir, primeiramente parabens pelo texto e pelo blog (meu ultimo post estava com pressa e nem parabenlizei pelo blog). Não sou contra os novos conceitos, respeito muito e acho que sao muito bem fundamentados. Todas as capacidades fisicas podem ser muito bem trabalhadas nas categorias de base,e a periodizacao tatica agrega valores e potencializam essas capacidades, é altamente especifico, mas o treinamento de forca pode, deve e é aplicado em diversos times que adotam a periodizacao tatica (Real Madrid, Chelsea). Os Portugueses negam, mas todos realizam treinamento de forca. E nao estou citando especificamente musculacao, sao exercicos de cadeia cinetica fechada, pliometria, saltos, sempre de acordo com especifidade do esporte. Realmente o corredor corre, o nadador nada e o jogador de futebol joga, porem TODOS realizam treinamento de forca de acordo com seu esporte. Se for nessa linha de pensando o corredor de 100m rasos tem apenas que treinar o 100m? E a base aerobia? E a forca? E a velocidade?
      Agora o entendimento do modelo de jogo, conceitos, e utlizacao dos principios, criam uma consciencia tatica nos jogadores, trabalha diversas capacidades fisicas mas desrespeita o principio da sobrecarga que é de extrema importancia ao atleta.
      Muito bom ter contato com profissionais capacitados e "discutir" temas importantes do esporte no qual somos apaixonados.
      Abraco e sucesso!

      Excluir
    3. LUÍS, todas as capacidades estão inclusas juntamente com o treino especifico de cada esporte, não é preciso cê corridas intervaladas ou CCVV para se aprimorar a capacidade aeróbia, nem mesmo um jogo descontextualizado para tal. Na verdade mais importante do que pensarmos no bem ou mau fisicamente, é a adaptação ou não ao modelo de jogo e o entendimento ou não dos conceitos de jogo.
      Não existe não físico, existe o especifico, aquilo que gera adaptação exata.
      Uma corrida de 100 metros possui movimento constante de uma técnica de corrida, é muito mais fácil isolar tal movimento no treino e trabalhar sua eficiência.
      No futebol, a musculação corrige desequilíbrios musculares, prepara o sistema músculo-esquelético para as acelerações e desacelerações de um jogo, Resistência muscular, hipertrofia , etc. São consequências indiretas desse trabalho que permitirão no treino de campo desempenho ótimo pelo jogo e sem lesões.
      Neste esporte não existe reprodução em laboratório ou treinos repetitivos e intervalados das ações do jogo. No jogo existem situações-problema em condições não conseguidas pelo treino físico puro. Resultados excelentes nos testes físicos não garantem performance no futebol, e prescrever corridas ou circuitos de força e velocidade não tem relação alguma com as ações táticas.
      Importante entendemos que essa discussão é necessária, meu blog está a disposição para este debate.
      Luís, se você achar interessante me adicione no facebook para continuarmos o debate.
      Abraços

      Excluir
    4. Wladimir, muito boa mesmo essa discussao. Discordo em alguns pontos mas concordo muito com essa nova concepçao. Ja te add no facebook, vou te mandar msg inbox.
      Abraco e sucesso.
      Luis.

      Excluir
  2. Olá Wladimir.
    Boa reflexão, parabéns.
    Eu creio que o futebol deve ser pensado de forma global, como um todo, os treinamentos devem abranger as capacidades técnicas, táticas, físicas e psicológicas dos atletas. Não acha que se pensarmos que o futebol é apenas tático já não estamos desfragmentando o mesmo?

    Carlos Magno Fernandes Filho.

    ResponderExcluir
  3. Boa tarde Carlos e obrigado por seu comentário!
    O futebol não é apenas tático, ele é um esporte tático. Os aspectos físicos, técnicos e psicológicos estão implícitos pois cada ação motora e precedida de uma tomada de decisão. Não estamos aqui negando as solicitações energéticas envolvidas na atividade, é apenas uma caracterização necessária á modalidade futebol.
    Se você achar que é preciso fragmentar a modalidade,(o que chamo reduzir) em pedaços para tentar interferir no todo, creio estar enganado quanto tipo de fragmentação possível á modalidade.
    Se você quer treinar fragmentos do jogo contextualizados com o modelo de jogo pretendido pelo treinador, nesse caso já podemos concordar.
    Obrigado pelo contato, estou a sua disposição!
    Um abraço!

    ResponderExcluir
  4. Com certeza acredito que os treinamentos devem ser direcionados a partir do modelo jogo do treinador. Mas por exemplo: vamos imaginar um jogo reduzido para cumprir determinada ação tática.
    Nº de jogadores, espaço do campo, toques na bola e demais regras do jogo são definidas pelo treinador.
    E eu pergunto:
    No mesmo jogo quem será o responsável pelo controle das cargas do treino? porque não da pra simplesmente botar todo mundo pra jogar e não haver um controle como as pausas recuperativas, recuperação passiva ou ativa (a quantos por cento do vo2max)?
    Os testes podem ser inespecíficos por si só, mas a interpretação dos mesmos levando em conta o modelo de jogo podem ajudar muito.
    Acredito que a periodização tática é um método bastante relevante, porém não é único. Creio na "unificação" dos vários métodos sempre direcionados pelo modelo de jogo, pois cada método pode contribuir muito bem no desempenho da equipe, cabe ao profissional sabe onde, quando e como encaixar os métodos. Grande abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Veja bem, Carlos, VO2 máx., porcentagens de desempenho, números de sprints, serão fatores irrelevantes nesta linha de entendimento para análise de desempenho. Correr mais, saltar mais mais, acelerar mais, dentre outros, não significa melhor desempenho no jogo, porquê por si só não têm nada a ver com futebol.
      O jogador precisa ser avaliado pelo entendimento e cumprimento das funções táticas referentes ao modelo de jogo adotado mediante aprimoramento dos princípios de jogo e suas sub- categorias.
      Não há evidencias cientificas que os testes explicariam qualquer desempenho de campo pois as atividades são diferentes.

      Excluir