sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

AS CRÍTICAS DE MURICY RAMALHO E OUTROS TREINADORES ÀS CATEGORIAS DE BASE TEM MOTIVOS NÃO LEVANTADOS

    Quando se ouve treinadores de futebol profissional falarem sobre a importância das categorias de base, muitas vezes pra reclamar de um possível trabalho deficiente em algum aspecto, fica apenas no ar que alguma coisa pode estar errado com o trabalho de formação dos clubes e uma análise mais lúcida e esclarecedora se torna necessária para evidenciar realmente os fatos a quem realmente se interessa e acha importante esta questão.

      A avidez por novos talentos no país que tradicionalmente já produziu grandes jogadores faz com que imprensa, clubes, federações e a até torcedores pressionem pela aceleração do processo de formação querendo transformar exceção em regra. Se disseminou neste país a concepção extremamente equivocada de que jogadores com 18 anos têm obrigatoriamente que estar prontos e em condições de vestir a camisa das equipes principais de seus clubes praticamente "matando" a categoria sub-20 e amputando uma fase de suma importância no processo de formação de atletas. Isso, considerando que para muitos jogadores esta maturidade competitiva chega por volta dos 23 anos de idade, reforçando a falta de competições sub-23 que deveriam fazer parte do calendário nacional e estaduais do futebol, obrigando os clubes a criarem mais uma categoria dentro de seu projeto de formação. Pra quem gosta de exemplos práticos, é bom observar alguns jogadores que se "desligaram" cedo de suas equipes de origem e hoje são imprescindíveis em seus clubes atuais. (Não citarei pra gerar maus entendidos por quem não sabe ler ou entender um crítica)
      Ainda, analisando a respeito das categorias de base, penso que existe diferença entre categorias de base e trabalho de base. Todo clube tem categoria de base. São as divisões por faixa etária, sub-13,sub-14,sub-15, etc. Mas trabalho de base, envolvendo projeto de formação, com aplicação dos conteúdos técnicos, táticos e físicos, mais análise de perfil psicológico e familiar e acompanhamento escolar constante, padrão de trabalho com metas e objetivos definidos com um entendimento da gestão de processos aplicada ao futebol, ufa! E olha que não falei tudo...POUCOS CLUBES DEVEM TER ISTO BRASIL!!!

        É importante não esquecer também dos jovens treinadores que treinam os garotos como se fossem profissionais, preocupados(equivocadamente) com resultados e com seu emprego. Se enganam e muito, quando se respeita a aplicação de conteúdos de treinamento e conceito de jogo nas fases de formação a tendência de conquistas é maior, não compreendem que cada idade responde melhor a um tipo de treinamento específico e ainda reclamam que falta jogador no mercado quando o que falta e a vontade de trabalhar individualmente as deficiências dos jovens jogadores.
     Continuando, e lembrando que tem clube sendo criticado só porque foi vice-campeão 3 vezes na categoria sub-20 (quisera eu esses 3 vices, tem time faz anos se contenta com 10º lugar nestas competições), clube com um excelente trabalho, por sinal. Enfim, esta cultura dos resultados não obtidos pelo profissioanl sendo transferidos pra base é que "mata". Os garotos são aprovados, mas com a "corda no pescoço"! Pra quem tem dificuldade de entender(e sempre tem alguém), explico: As vitórias também são importantes na base, mas o caminho pra se chegar a elas é muito mais importante.
        E mais uma questão pra encerrarmos esta discussão com "chave de ouro": Normalmente quem tem discurso negativo referente às categorias de base, não passou pela sua escola, não treinou garotos do sub-13 ou sub-17, e/ou não tem formação adequada pra isto. (não estou citando nomes, mas se servir pra alguém, minha posição está definida).
        Enfim, existe motivos diversos sob responsabilidade de clubes, treinadores, federações e a todos envolvidos neste cenário preocupante do futebol brasileiro.
          Obrigado

      
  


Um comentário:

  1. Excelentes colocações em relação à Base Wladimir. Infelizmente essa constante de erros do Profissional serem passados à base não tem previsão de terminar. Ainda existe a valorização de um ou outro jogador, esse mito do craque, do cara que resolve e a meu ver a Base tem que formar um grupo forte, que jogue coletivamente... que tenha uma filosofia e a cara do clube. Mas pra que isso aconteça, o modelo de gestão no futebol brasileiro tem que mudar e muito.

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